FATAAAAAÇO, isso sempre acontece!
"São pensamentos soltos traduzidos em palavras, pra que você possa entender, o que eu também não entendo."
30 de março de 2011
28 de março de 2011
"Eu às vezes tenho a sensação de que estou procurando às cegas uma coisa; eu quero continuar, eu me sinto obrigada a continuar. Sinto até uma certa coragem de fazê-lo. O meu temor é de que seja tudo muito novo para mim, que eu talvez possa encontrar o que não quero. Essa coragem eu teria, mas o preço é muito alto, o preço é muito caro, e eu estou cansada. Sempre paguei e de repente não quero mais. Sinto que tenho que ir para um lado ou para outro. Ou para uma desistência: levar uma vida mais humilde de espírito, ou então não sei em que ramo a desistência, não sei em que lugar encontrar a tarefa, a doçura, a coisa. Estou viciada em viver nessa extrema intensidade. A hora de escrever é o reflexo de uma situação toda minha. É quando sinto o maior desamparo."
(De escrita e vida, Clarice Lispector)
”Aprendi a sorrir na sala, e a chorar no quarto, ninguém precisa saber que estou a sofrer, ninguém será capaz de solucionar os meus problemas, então não aparento ser fraca, por mais frágil que eu esteja. Vou sempre levar um sorriso estampado no meu rosto, por mais que o meu coração esteja a transbordar de dor. Foi a maneira menos dolorosa para mim de me encaixar neste mundo que não tem espaço para fracos.”
25 de março de 2011
A diferença é que eu não quis ser a vítima, eu não quis chorar, eu não quis desistir de mim. Escolhi viver do que existir, e isso fez uma tremenda diferença no que eu sou de verdade, ou no que eu me tornei, tanto faz. O tempo não para pra você ficar se lamentando. Levanta, vai a luta, porque fazer o coitado não vai trazer nada de volta. A vida está lá fora esperando pra te derrubar novamente, mas todo mundo é forte o suficiente para se erguer quantas vezes for preciso.
Alef Fábio.
Alef Fábio.
23 de março de 2011
21 de março de 2011
Eu só quero ficar sozinha. Não preciso de ninguém hoje. Eu só quero poder chorar tudo o que eu tenho pra chorar. Me esvaziar de tudo o que está me sufocando agora. Eu só preciso de um tempo para mim, quem sabe assim eu consigo esquecer tudo o que eu quis e deixar o vazio se estender. Eu só quero poder ficar bem. Hoje eu quero o silêncio, o escuro e meu travesseiro.
Mudei muito, mas não deixei de ser quem eu era. Embora mais fria, cautelosa e distante que eu seja agora, escondendo tudo o que eu sinto e passo, ainda sou a mesma de antes. Aquela que chora sem motivo à noite, que se pergunta o que fazer, que tem medo de tudo e ama demais. A extremamente sentimental, emotiva, que pega a dor alheia e faz a dela também. Mas o negócio é que eu aprendi bem a disfarçar - e controlar - essa pessoa do passado.
"Se era amor? Não era. Era outra coisa. Restou uma dor profunda, mas poética. Estou cega, ou quase isso: tenho uma visão embaraçada do que aconteceu. É algo que estimula minha autocomiseração. Uma inexistência que machucava, mas ninguém morreu. É um velório sem defunto. Eu era daquele homem, ele era meu, e não era amor, então era o que?
Dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando, e não pelo amado. É uma possibilidade. Eu estava feliz, eu estava no compasso dos dias e dos fatos. Eu estava plena e estava convicta. Estava tranqüila e estava sem planos. Estava bem sintonizada. E de uma dia para o outro estava sozinha, estava antiga, escrava, pequena. Parece o final de um amor, mas não era amor. Era algo recém-nascido em mim, ainda não batizado. E quando acabou, foi como se todas as janelas tivessem se fechado às três da tarde num dia de sol. Foi como se a praia ficasse vazia. Foi como um programa de televisão que sai do ar e ninguém desliga o aparelho, fica ali o barulho a madrugada inteira, o chiado, a falta de imagem, uma luz incômoda no escuro. Foi como estar isolada num país asiático, onde ninguém fala sua língua, onde ninguém o enxerga. Nunca me senti tão desamparada no meu desconhecimento. Quem pode explicar o que me acontece dentro? Eu tenho que responder às minhas próprias perguntas. Eu tenho que ser serena para me aplacar minha própria demência. E tenho que ser discreta para me receber em confiança. E tenho que ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto.Se não era amor, Lopes, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo. Eu bati a 200Km/h e estou voltando a pé pra casa, avariada.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez seja este o ponto. Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, Lopes, de acreditar em contos de fadas, de achar que a gente manda no que sente e que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam e eu retornaria minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?
Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travessos. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor."
(Divã, Martha Medeiros)
19 de março de 2011
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