5 de dezembro de 2010

Haviam se passado 5 meses. Muita enrolação, muitos desencontros, mas enfim chegara o dia. Ela acordou tarde como de costume. Comeu pouco, a ansiedade parecia que tinha fechado o seu estômago. O relógio parecia estar contra ela. Ela tinha milhares de coisas a fazer: alisar o cabelo, arrumar as unhas, colocar brinco, pulseira, colar, subir no salto. Tudo isso apenas para ficar bonita para ele. Enquanto isso, as horas passavam e a hora crucial começava a se aproximar. Ela sentou na porta do seu quarto. Chorou, rezou. Voou para o passado, há quase dois anos atrás, quando acontecera o primeiro encontro deles. Havia sido uma tarde agradável. Mas ela pedia que fosse diferente, que fosse melhor e que valesse a pena. Escutou a música que no momento identificava os dois. Enxugou as lágrimas e levantou-se. Ela tremia, não sentia seu corpo, sua mente parecia não raciocinar. A hora chegara. Ela pegou o celular e mal conseguia digitar os números do celular dele, seus dedos tremiam, suas mãos suavam frio. Ele atendeu e riu. Ele não acreditava que finalmente ela estava cedendo. Parecia não conter-se de tanta ansiedade e alegria. Ela pegou as chaves e saiu. Tinha que caminhar umas três quadras até chegar ao local combinado. Enquanto caminhava, pensava. Ela estava indo ser a outra. Isso a excitava, mas também a fazia recuar. Mas ela seguiu. Pensou em todas as suas expectativas para aquela tarde. Queria que fosse única. Chegou ao local no mesmo momento que ele. Ele foi fazer o contorno com o carro. Ela suava frio, tremia da cabeça aos pés, sua voz parecia não sair. Entrou no carro. Ele estava com o sorriso enorme estampado no rosto. Ela estava sem reação, ainda num estado nervoso, mas sorriu. Eles riram, se divertiram. Ele a elogiava a todo momento. Ao mesmo tempo que queria esconder-se, também queria mostrar que estava acompanhado de alguém que ele julgava linda e invejável. Ela ria. Ele disse que largaria tudo por ela. Ela ficava aflita ao pensar nessa possibilidade, e o nervosismo a fazia rir. Os dois estavam descontraídos. Ela se encabulava quando ele a olhava com olhos de admiração e desejo. Ele a tocava. Ela continuava olhando o movimento. Conversaram muito. Ficaram. Ela tinha que ir embora. Por mais agradável que estivesse sendo, ela queria ir. Ela não sabia porquê, mas precisava ir. Ele não queria deixá-la ir embora. Queria ficar com ela. Ele ligou o carro. Deram mais algumas voltas na cidade. Eles comentaram sobre o primeiro encontro. Ele lembrava de cada detalhe. Ela ria, meio impressionada. Ele deu uma bonequinha pra ela. Ela ficou boba. Parecia o homem mais perfeito do mundo. Mas ela sabia que não era. Ela sabia que não conseguia aceitar a ideia de ser dele. Ele perguntou se ela o amava. Ela, convicta, disse que não. Ele esperava outra resposta. Ele a deixou perto de sua casa. Ele pedia pra vê-la novamente. Ela não respondia. Ela desceu do carro e caminhou rumo a sua casa. Pegou as chaves e entrou. Sentia-se realizada, ria sozinha. Seu desejo finalmente havia sido saciado. Havia alcançado todas as suas expectativas, embora não as tenha superado. Ela começou a pensar enquanto fechava a porta. Tinha sido uma tarde muito boa. Mas ela queria mais. Ela estava satisfeita. E não estava. Ela queria outras sensações. Maiores. Melhores. Mas ela estava feliz. Sentou-se em frente ao computador. O cheiro dele ainda estava nas mãos dela, na sua roupa. Ela olhava para a bonequinha e ria. Lembrava dele e não sabia o que estava sentindo. E no fim, chegou a conclusão de que ele não passava de mais um cachorro, como todos os outros.  
(Camila Zacher)

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